sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Avatar: por que funciona?

Assisti Avatar nesse início de mês e honrei-o ao vê-lo em 3D. Antes de entrar no cinema estava me questionando o motivo da minha esposa em escolher esse filme ao invés de Sherlock Holmes (que não assisti até hoje).

E não é que o filme é bom? Tudo bem, já falaram que o roteiro é besta, piegas, Dança com Lobos e Pocahontas - e é mesmo - mas é legal e todo mundo entende. Pensando bem, foi uma boa sacada do Senhor Cameron criar esse Sci-fi pop, ou seja, tornar a ficção científica mais acessível, embora o "novo" Star Trek de J. J. Abrams também tenha essa pegada (grande responsabilidade para uma franquia com milhares de seguidores).

Creio que o sucesso dos Na`Vis não seja segredo para ninguém: é como algo com queijo ou com chocolate, ou seja, difícil não sair gostoso. Ao meu ver, os quesitos foram:

- Ripley, ops, Sigourney Weaver: em um filme de ficção científica você joga uma atriz emblemática do estilo. Difícil não dar certo com a eterna Ellen Ripley no meio.

- Mechas (leia-se "Mecas"): robozinhos (também presentes em Aliens) com homenzinhos dentro? É sucesso!

- A presepada da tecnologia de dez anos: convenhamos, eu não vi nada tão surpreendente a ponto de mudar minha vida; as texturas são lindas, tudo é bonito, parece real, mas a percepção muda de acordo com o tempo e as tecnologias vigentes. É como comparar Hulk de Ang Lee com o de Louis Leterrier. Não fiquei desapontado, mas era o que esperava.

- Comparações fáceis: quem é que não vai dizer que aquelas tranças são USB? Qualquer pessoa que tenha um MP3 Player sabe (pelo menos o funcionamento) do plug-and-play. Chega de explicações intelectuais. Chega do papo Neo-arquiteto.

- O que não podia faltar: romance, traição, guerra, drama.

Taí seu filme de sucesso.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Mudanças e um Carro de 1976










Assisti Gran Torino ontem. Bom filme, mas como curto a testosterona presente nos filmes de Clint Easwood, sou suspeito para criticá-lo (produção e direção dele, além da atuação).

O novo filme do "Dirty Harry" conta a história de um veterano de guerra ranzinza e preconceituoso que perde sua esposa de anos, não tem proximidade com seus dois filhos crescidos e mora sozinho em uma vizinhança de origem estrangeira (no caso, orientais), passando seus dias entre goles de cerveja e bricolagem.

O que me chamou a atenção foi a percepção da mudança dos tempos ao redor do Sr. Walt (personagem de Clint): aos poucos o bairro "americano" foi tomado pelas minorias étnicas e o senhor de 78 anos não percebeu.

Engraçado não percebemos as mudanças e como são difíceis de acompanhá-las: meu pai, aposentado de 59 anos, cantarolando Fresno; duas crianças no condomínio onde moro são casados, com um filho e são colegas de sala (devem ser do 2º grau, se não me engano). Esses são alguns dos exemplos diários. É difícil aceitar valores nos quais você fora doutrinado por anos serem desmanchados; você começa a ser menos liberal porque cada vez mais você tem mais a perder, o que lhe força a uma comodidade injusta e fria.

Você começa a ficar medroso. E fecha-se em um mundo de conceitos só seu.

Por isso que na propaganda muitos clientes têm medo de mudar, porque isso implica em sair da zona de conforto, até a virada da maré e rolar mais "uma crise" para apoiar os que mudam.

No filme, o Sr. Walt até que muda, mas o importante é: vá andando antes que o mundo lhe atropele.

quarta-feira, 26 de março de 2008

O Ato de Colecionar


Certa vez, ao passear com um amigo eu falei:
- Se eu tivesse dinheiro eu iria comprar esses livros todos.

Ele, sabiamente:
- Mas perderia a graça. A onda é você ficar achando as coisas, procurando.

De fato. Coleciono revistas em Quadrinhos desde 1998. Foi uma X-Men 72 com capa especial no formatinho da Abril falando sobre o Império Shiar. O Império, X-Men, a Abril não importam nesse caso, mas sim a questão de colecionar. Acredito que todo mundo gosta de colecionar algo: carrinhos, bonecas, revistas, DVDs, CDs, calcinhas, camisas, vinis, etc. Mas engana-se que só objetos são colecionáveis; alguns colecionam temores, assassinatos, amores, e por aí vai.

A necessidade de um troféu é necessária. Satisfaz que é uma beleza. Adoro passar horas em sebos procurando aquela edição, aquele furo na minha coleção, matar aquele câncer que ofende a minha busca. Quando não se acha é frustrante, pode ser pior que uma broxada.

Antigamente as coleções eram menos saudáveis; era uma cabeça de um inimigo ali, um escalpo acolá, um crâniozinho, um espólio de guerra... mas o sentimento de vitória continua sendo o mesmo.

E quando começa a ficar abundante, perde a graça.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Depende. E outras coisitas mais.


Maais coisa velha.

No meu dia-a-dia no mercado de publicidade e design (é, aqui na Bahia as coisas são meio misturadas... esse sincretismo...) analiso frequentemente algumas marcas e peças que pipocam no mercado: da agência onde trabalho, dos meus freelas e das outras empresas do ramo e vejo que as coisas são muito além dos anos de aprendizado na faculdade; e o mais irônico é que as respostas para as características antes errôneas vieram de um saudoso colega de conclusão de curso (Graaande Adizon!).


Tudo Depende.


E eu demorei quase 6 anos para descobrir que qualquer coisa em publicidade realmente Depende. Tudo bem, eu fiquei mais chato e mais encima do muro por causa dessa questão, é verdade, mas observando alguns exemplos até os xiitas da causa absorverão um pouco dessa Depende Culture.


Vou começar com empresa grande. Isso mesmo, não tem problema porque as pequenas fazem o mesmo. Algumas nem percebem o ‘erro’, mas até para utilizar-se do Depende necessita-se de um bom poder de argumentação e bagagem (pelo menos a respeito do que está disposto a confrontar).


A Vivo e a Oi são exemplos dessa questão: A Vivo tem sua marca propriamente azul. Isso é fato, mas utiliza todas as cores da sua tabela para a mesma marca. Alguns podem dizer ‘Oh, que absurdo! Eles estão descaracterizando a marca! Que loucos! Queimem!’


Depende. Nunca soube que uma marca precisa ter uma cor só. São apenas variações e muitas características a determinam além da presunçosa cor (tipo, ícone, layout são algumas delas).


‘E a Oi? Uma marca amarela e branca? E ainda fica mudando aquela... aquela... aquela coisa arredondada em volta do tipo?’


Depende. Realmente amarelo não tem leitura no branco (o que é uma questão de Depende também, e a coisa começa a ficar mais chata) mas a marca que ganhou o prêmio da 6ª Bienal de Design Gráfico (Benedixt) mudava a forma e a cor e, sinceramente, não descaracterizou em nada. E respondendo a questão do amarelo no branco, Depende da tonalidade do amarelo e mesmo assim, até quanto você vai reduzir a marca (que pode ser pré-estabelecido no manual. Simples assim).


Aí são muitas questões não só na área de design, mas em publicidade a porca também torce o rabo: marcas assinando o anúncio no lado esquerdo (‘que heresia!’), ou sem assinatura (‘meu Deus! Onde esse mundo publicitário vai parar!’) e por aí vai.


Enfim,e essa Depende Culture: será que é só uma tendência louca criada por um diretor de arte/profissional de design ou faz algum sentido?


Depende.

Graaande Stan!


Outro texto "veáco".

Hoje, assisti uma entrevista – que fora lançada posteriormente em DVD – de Stan Lee: o gênio da Marvel; a lenda viva das histórias em quadrinhos ou gibis (acho esse nome tão feio). Nele, o sempre bem-humorado Stan fala sobre as criações dos personagens de maior sucesso da editora Marvel Comics, como Homem-Aranha, X-Men, Quarteto Fantástico, entre outros.

Até aí seria mais informação – para muitos, inútil - na cachola deste “escritor” num chato dia de domingo até o gênio, em uma pergunta sobre as origens dos seus personagens, responder mais ou menos assim:

“Eu achei a solução mais fácil para Bruce Banner originar o Hulk: inventei, oras! Eu não sei a diferença de uma bomba gama para uma berinjela! O homem-aranha foi picado por uma aranha radioativa. Pronto. Qual a origens dos mutantes em X-men? Eles nasceram assim. Acabou”.

Essa resposta também lembra o final da Trilogia Matrix em que existiam vários significados - criados pelos espectadores. Se um deles é o certo, apenas os irmãos W. sabem.

Na publicidade não é diferente, porém essas idéias “sem fundamento” viraram caricaturas: schubles, bambooshas e afins. Parece que a criação do dito-cujo pensou “vamos vender essa puta campanha para o cliente e pensaremos no significado dessa palavra no decorrer da campanha de um ano”.

Desculpe, mas parece isso.

Falta uma boa história: deixou-se o macaco, mas falta a aranha com aqueles longos braços e sedosos pêlos prendendo, confortando; os vários olhos incitando a curiosidade e deixando o público irrequieto.

Falta sedução.

Por que os personagens de Stan fizeram tanto sucesso? Eles eram simples e diziam “ei, eu poderia ser você e vice-versa”. Por que criar mutantes e intrincados heróis para um produto se tudo poderia ser... simples? Viva a simplicidade! Uma garota – para os marmanjos – poderia até ser mais sexy tirando delicadamente um baby-dolll do que numa demonstração de Ioga para tirar um corselete.

O macete é esse. E parafraseando o graaande Stan: Excelsior!

“É feira, é?” ou “Publicidade e Design realmente são caros?”


Texto antigo... Mas vale a pena postar aqui.

Nesses parcos 6 anos de mundo publicitário baiano (4 de faculdade mais 2 de mercado propriamente dito, fora estágios e afins) observo diariamente um fenômeno curioso e, convenhamos muito do mal-educado:

- Alô?
- Alô. Bom dia.
- É o seguinte... eu gostaria de orçar uma marca com vocês e queria saber mais o menos o preço.
- (voz de uma pessoa cheia de dedos) Bom, a gente ta fazendo marcas por volta de 1.500 Reais, mas aí depende.
- (voz de espanto) Tudo isso! Tá caro...


Aí o resto da história todo mundo que passou por isso sabe: o cliente vai procurar uma biboca que tenha o Print Artist (lembra?) ou alguém que é fera no Microsoft Word e tome-lhe clipart.

No final das contas você, caro colega de trabalho, vê que a ignorância é um mundo maravilhoso: não tem as preocupações “bobas” de redução, aplicação e outras besteiras que diretores de arte e profissionais de Design passam anos trabalhando, estudando, comprando livros e mais livros.

Eles são uns bestas mesmo.

Apesar da cultura de uma justa cobrança por um material publicitário ou de design não estar muito arraigada na Bahia, ainda existe o pessoal que não sabe o preço de nada, não sabe nada do que ta fazendo, o cliente que sabe menos ainda sobre a importância do que está comprando e vira tudo um samba- do- crioulo- doido- incorporando- Omolu- em- plena- sexta- feira. E quem se “lasca” é o verdadeiro profissional, o besta já caracterizado acima.

Dentre vários, o principal erro é considerar a marca da sua padaria, por exemplo, como um pãozinho francês (o vulgarmente conhecido como “pão cacetinho”). Observe como é feito:

Ingredientes: 18-22g de melhorador, 20-22g de sal, 9-10g de fermento biológico ou dosagem correspondente quando se tratar de fermento instantâneo, 150-170g de gelo, 420-460ml de água gelada (entre 2 e 6 ºC).


Modo de preparo: Pese os ingredientes corretamente, bata a Farinha lentamente durante um minuto, acrescente todos os outros ingredientes, bata a massa na velocidade rápida de 4 a 6 minutos, divida a massa para pães de 50g, modele os pães, coloque as forma de crescimento de massa na estufa durante aproximadamente duas horas e no armário durante três horas, depois é só assar em temperatura entre 180 ºC a 220 ºC. Estará pronta uma fornada.

Agora, me dê a receita de uma marca.

A partir daí que começam a pesar as horas de estudo e introspecção do profissional sobre o amador. A idéia genial que mostrará a potencialidade de um negócio em poucos traços, as cores que farão as pessoas entrarem na padaria e apreciarem (tudo bem, isso é meio “teoria da conspiração”, mas é verdade). E tem gente que acha que tanto tempo de dedicação não vale 1.500 continhos (que normalmente é dividida em duas vezes)? Um profissional mais desaforado diria que não paga nem um semestre da faculdade que ele passou.

Tudo bem que é um preço incomensurável; trata-se da criatividade, do feeling, da experiência, mas aí parte do cliente procurar uma cabeça que valha a pena investir, e não desmerecer o trabalho de um profissional, o que é bem deselegante. É como a feira de São Joaquim nas manhãs de Sábado, aonde o cliente vai passando e quebrando todos os talos de quiabo, só que na maioria das vezes ele escolhe mesmo é do de talo mole...

Começando. Mais uma vez.

Como vocês podem ver - quem já conhecia a Linha de produção - estou separando todo o material que crio: logos de um lado, peças de outro, e por aí vai.

Aqui ficam meus textos sobre publicidade e afins. Colocarei uns textos antigos (da época do saudoso Piada Interna - zine dos idos de faculdade) e alguns novos, que escreverei quando tiver tempo.

No mais é isso.